Radioatividade é um assunto que pode atrair medo e, ao mesmo tempo, entusiastas. Ela está presente no imaginário popular em séries de TV, filmes e até mesmo histórias em quadrinhos, dando origem a uma geração de superheróis.

No entanto, mais importante do que apenas conhecer e reconhecer a existência dos elementos radioativos na tabela periódica, é essencial entender os processos que o tornam tão delicados na natureza. E, para além disso, acompanhar a forma que resíduos radioativos são tratados e processados para o descarte correto. Para isso, a Marca Ambiental possui soluções e maneiras eficazes de realizar esse tratamento.

O que é a radioatividade?

A radioatividade é um fenômeno natural (também encontrado em forma artificial) composto por elementos químicos capazes de emitir radiação. A partir de um núcleo instável, o elemento emite partículas e ondas para atingir a estabilidade. 

Esses elementos podem emitir radiação independentemente de seu estado físico (seja sólido, líquido ou gasoso) ou químico (temperatura e pressão). Assim, eles possuem uma desintegração lenta e constante, que, em contato com seres vivos, pode causar uma série de problemas de saúde (como o câncer), ou até mesmo auxiliar em tratamentos.

A descoberta da radioatividade

É comum dizer que a radioatividade foi descoberta de forma acidental pelo cientista Henri Becquerel, em 1896. Após ter guardado um composto de urânio juntamente com uma chapa fotográfica em uma gaveta e revelar a chapa, ele teria notado o que seriam os primeiros sinais da radiação.

Porém, antes disso, o cientista Wilhelm Conrad Roentgen descobriu, no dia 8 de novembro de 1895, os raios X, quando observou que uma placa coberta com um material fluorescente se tornava luminescente quando num tubo de raios catódicos.

Ainda assim, o nome mais popular quando se fala em radioatividade é a da cientista Marie Curie. Ao lado do marido, Pierre, ela descobriu, também, dois novos elementos químicos: o rádio e o polônio. Marie foi a primeira pessoa a ganhar dois prêmios Nobel em duas categorias diferentes (Física e Química), além de quebrar o estigma de que mulheres não podiam fazer parte da ciência.

O uso da radioatividade no cotidiano

O uso de elementos radioativos, quando manuseado da forma correta e segura, pode apresentar uma série de benefícios para o desenvolvimento das áreas da saúde, e até mesmo para a agricultura.

Um exemplo disso é que, segundo especialistas, a radioatividade pode ser utilizada para o cultivo de plantas, permitindo a eliminação de pragas sem o uso de inseticidas ou agrotóxicos. Já para alimentos, os radioisótopos podem aumentar o tempo de conservação, destruindo potenciais micro-organismos degradantes, como bactérias, vírus, fungos e afins.

Outras aplicações da radioatividade envolvem:

  • Acompanhamento do trajeto de poluentes no ar, na água ou no solo, a partir da identificação de amostra de sedimentos e a presença de metais pesados;
  • Obtenção de diagnósticos com o uso do raio X no ramo da ortopedia, principalmente; e
  • Tratamentos e diagnósticos de câncer por radioterapia.

Resíduos radioativos e suas implicações no meio ambiente

Quando utilizados da forma correta, os elementos radioativos se tornam essenciais para a medicina, a agricultura, e até mesmo o cultivo de alimentos. No entanto, em mãos erradas, a radioatividade possui implicações sérias para a saúde dos seres vivos, e, principalmente, para o meio ambiente.

Um dos casos mais famosos de erro com o uso da radioatividade é o episódio da explosão dos reatores nucleares de Chernobyl. Há 35 anos, o reator número 4 explodiu durante testes de segurança, contaminando todos os trabalhadores presentes no turno de trabalho e, também, dificultando o resgate (já que até mesmo bombeiros e médicos sofreram fortes reações da contaminação). 

O acidente ocorreu em 26 de abril de 1986, e, de acordo com relatórios, o combustível nuclear queimou e liberou na atmosfera elementos radioativos durante 10 dias. Estima-se que 75% da Europa foi contaminada, especialmente as regiões da Ucrânia, Belarus e Rússia. Isso foi um estopim para trazer a importância do gerenciamento e a manutenção correta de elementos radioativos, uma vez que, até os dias de hoje, é impossível permanecer mais de 15 minutos na região onde permanece a usina nuclear. 

Uma das principais implicações desse acidente para a biodiversidade local foi a contaminação de árvores, solos e animais. De acordo com pesquisadores do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo (USP), a radioatividade não deixa o solo infértil, mas tudo o que cresce a partir dele acaba contaminado pela radiação. Ou seja, torna-se impróprio para consumo, cultivo e a sobrevivência dos seres vivos.

Ao serem descartados de forma incorreta, itens radioativos (como equipamentos hospitalares, ou acidentes nucleares como a usina soviética), diferente dos outros resíduos biodegradáveis (que são decompostos naturalmente), podem permanecer emitindo radiação em níveis altíssimos por décadas. Por exemplo, o elemento césio pode permanecer no ambiente, em média, por 60 anos até desaparecer completamente.

Por isso, o tratamento de resíduos radioativos exige muita atenção, havendo a necessidade de descarte correto e que, a longo prazo, não causará a contaminação do ambiente nem prejudicará o desenvolvimento da vida como conhecemos.

Lei para tratamento de resíduos radioativos

Desde 2001, foi estabelecida uma norma comum para o gerenciamento de resíduos radioativos e nucleares. A lei 10.308 especifica tipos de depósitos e seleções de locais para descarte que vão desde a construção, o licenciamento e a administração.

Não somente isso, como também o transporte e todos os depósitos intermediários e finais exigem o cumprimento de normas para que se evite a contaminação e despejo no meio ambiente. Essas normas técnicas foram organizadas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear, que devem ser obedecidas com o intuito de gerenciar da forma correta os resíduos que não podem, em hipótese alguma, serem descartados livremente.